Por Marcelo M. Guimarães
A igreja cristã atual teve sua origem na Igreja do 1o.
século, quando ainda estava centrada em Jerusalém, Israel. Tanto Jesus e
os discípulos viveram zelosamente os princípios bíblicos pregados por
eles no contexto judaico da época. Depois a igreja passou a ser dirigida
por Roma até o período da Reforma de Martinho Lutero no século XVI. De
lá para cá, creio que a reforma não parou, mas D’us deseja agora que entremos
num retorno às nossas origens, numa restauração dos princípios bíblicos
vividos e promulgados por Jesus e os apóstolos no primeiro século.
É evidente que muitos conceitos e interpretações evoluíram, outros mudaram e até mesmo se perderam, apesar da Bíblia continuar a mesma.
Uma palavra muitíssimo importante que necessita ser restaurada é a palavra “abençoar”.
Poucos
sabem seu real significado na versão original, ou seja, na língua
hebraica. Abençoar , no hebraico, é “barach”( se pronuncia barar, com o
“r”final bem forte). A raiz da palavra “barach”()rb)
possui alguns termos derivativos, como: vrachá (benção); berech (
ajoelhar); b’rekah (tanque ou reservatório). Esta raiz da palavra
abençoar ocorre centenas de vezes na Bíblia. Mas, afinal, o que quer
dizer abençoar? O sentido hebraico desta palavra é : “conceder poder a alguém para alcançar prosperidade, longevidade, fecundidade, obter sucesso e muitos frutos.” O conceito de multiplicação está imbuído também neste termo.
É
interessante notar como o sentido da palavra abençoar na língua
portuguesa, creio também em outras línguas, distanciou-se do original.
Muitas vezes, o que ficou na cabeça das pessoas foi só uma lembrança de
quando nossos avós nos diziam: “Deus te abençoe, meu filho”, no sentido
de “Deus te guarde, Deus te acompanhe”, não é mesmo? Mas, se meditarmos
um pouco no conceito original desta palavra, iremos perceber que há uma
expressão muito forte. Lembremo-nos de que há poder em nossas palavras.
Pois, imaginemos agora você dizendo ao seu filho ou à uma pessoa: “Deus te conceda poder e autoridade para que você seja bem sucedido, próspero, fecundo, fértil e que tudo te multiplique...”A
grande fórmula da bênção, como por exemplo, a bênção Arônica ( Nm
6:24-26) que diz “Deus te abençoe e te guarde e faça resplandecer o Seu
rosto sobre ti...”mostra que o próprio Deus está lhe concedendo poder e
autoridade para você seja bem sucedido e próspero e que você não só
guarde esta bênção, ou seja, esta herança de ser bem sucedido e
próspero, mas que você resplandeça a imagem e semelhança do Criador, Sua
própria natureza. Entendendo este conceito hebraico da palavra
abençoar, entenderemos que Deus deseja a continuidade desta
“vrachá”(bênção) para as gerações futuras. Deus disse a Abraão: ...”Sê tu uma benção”...
(Gen12:2). Esta expressão é muito forte no contexto hebraico, no qual
não há o sentido de “ter” uma benção, mas de “Ser” uma bênção. Aliás, na
língua hebraica não existe o sentido de ter alguma coisa, como algo que
é seu, mas há o sentido de que existe algo para você. Em outras
palavras, não temos nada se Deus não nos der. Agora se somos benção,
então, existirá algo concreto para nós. Por isso, Deus ensinou a Abraão
que esta bênção deveria ser transmitida de geração à geração. Assim, a
bênção é transmitida de uma pessoa dotada de autoridade para outra
pessoa. Por exemplo, o marido abençoa a esposa, o pai abençoa o filho, o
sacerdote ao povo, o patrão para seus subordinados e assim por diante. A
bênção está voltada para o futuro imediato, implicando a partir daquele
momento da benção uma fonte de vida produtiva e abundante. Por isso,
Deus sempre é a única fonte divina e eterna de bênçãos. O diabo nunca
irá abençoar ninguém. O povo hebreu sempre teve este costume de abençoar
uns aos outros. Por outro lado, aquele que recebe a bênção, recebe,
então, a capacidade de gerar o resultado de algo divino. Por isso, não
se deve nunca desprezar a bênção recebida. Jacó chegou a trair seu irmão
para receber a bênção da primogenitura de seu pai. Mical, desprezando a
bênção de seu marido, foi ferida de esterilidade (IISm6:20-23). Os
judeus até hoje mantêm a tradição do “bar mitzvah” ( filho do
mandamento), quando o jovem, após ter completado 12 anos, ou seja,
entrado nos 13, é abençoado por seus pais publicamente. Neste dia o
jovem ou a jovem lê um texto da Palavra de Deus em público pela primeira
vez e se torna membro da comunidade local. O pai passa ao filho a
responsabilidade de cultuar, de agora em diante, a fé em um único Deus.
Em outras palavras, o pai quer dar a entender que até ali ele cuidou
espiritualmente do filho, mas que a partir daquela bênção, o filho deve
buscar a Deus por si só, dando continuidade da bênção recebida e que
será mais tarde transmitida a outro descendente. Quando entendemos o
conceito de receber a bênção, ou seja, poder acompanhado de autoridade
para ser bem sucedido e próspero, todos anseiam por recebê-la. Já o
contrário de abençoar é amaldiçoar. Na língua hebraica significa algo
terrível. O termo é “Kalal” ( llq),
ou seja, extrair ou tirar a essência ou o propósito divino de alguém.
Também significa esvaziar ou deixar uma pessoa desprovida de bênçãos.
Finalmente,
deve-se ter em mente que o ato de abençoar requer, daquele que abençoa,
um relacionamento correto com Deus e, sobretudo, de fé. Isto não quer
dizer que um pai incrédulo não pode abençoar seu filho. O importante é
saber que de Deus recebemos bênçãos para repassá-las ao nosso próximo.
Temos um Deus abençoador, cheio de misericórdia, graça e justiça, o qual
nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em
Cristo, seu Filho amado.
Shalom u’vrachot ( Paz e Bênçãos)!
Rabino Messiânico Marcelo M. Guimarães
Ordenado pelo Netivyah de Ensino Bíblico de Jerusalém-Israel
Fundador do Ministério Ensinando de Sião-Brasil
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