domingo, 12 de junho de 2011

Frutos da Depressão - TESTEMUNHO

   Deixei de ir a igreja, fiz algumas amizades na minha turma da escola, mesmo ainda sofrendo demais com as brincadeiras de intenso mal gosto que os demais da sala costumavam fazer da minha aparência.
   Voltei a tomar raiva dos crentes (evangélicos), embora tivesse plena consciência de que não dava para voltar atrás, eu era um deles...
   Eu ainda amava muito a Jesus...Tentava chegar a uma aproximação que me fizesse se sentir bem como eu me sentia antes...Mas o que eu realmente sentia naqueles dias é que Ele tinha muita raiva de mim. (Mentira que alimentei durante tempos...)
   Sabia de alguns mecanismos que poderiam deixá-Lo feliz (religiosidade) e me empenhava em tentar cumpri-los, mas sempre falhava é claro! E assim comecei a achar que servir a DEUS era na verdade um grande peso ou simplesmente inútil...Minha mente cambaleava entre esses dois pensamentos.

   Minha rebeldia começou a se tornar mais notória com palavras de baixo nível. Respostas regadas de raiva na ponta da língua, cara amarrada, um instinto de auto-defesa que eram importantes para tentar manter alguma dignidade entre os que tentavam me humilhar, além de algumas brigas que às vezes não saiam de trocas de ofensas, outras já partindo para agressão. 
    Eu sempre fui péssima quando o assunto era briga...Era boa para arrumar uma ou comprar de alguma amiga, mas na hora do ataque, minhas limitações visuais sempre me deixavam em desvantagem.
    Não tolerava mais nenhum tipo de humilhação seja ela qual fosse, me defendia ou tentava me vingar sempre que podia. Comecei a sair com maior freqüência pelos bairros vizinhos procurando alguma badalação para dançar, paquerar, dar risada, esquecer os problemas!
    Falando em esquecer os problemas, eu tinha uma desvantagem. Depois da minha conversão ainda na infância não era capaz de colocar mais nenhum gole de álcool na boca, e isso foi extraordinário porque já havia pego gosto por bebidas como vinhos, cervejas, batidas, desde os meus 8 anos pelo que me lembro.

   Eramos sempre eu e as mesmas meninas...amigas até hoje, embora cada uma tenha seguido um rumo.
   Com o tempo fui me fazendo mais respeitada entre os grupinhos com o qual me envolvia...Comecei a potencializar minhas qualidades, comecei até a enxergar que não era tão feia assim...huahauahua!!!
    Voltei a dançar de tudo o que eu gostava...e hoje me repudio em lembrar de que o que mais gostava eram músicas sensuais...
    Nunca fui do tipo 'pega geral'...Na verdade não pegava ninguém...No início porque minha aparência não colaborava muito para isso e depois, devido a carência emocional familiar da qual sofria, sempre fui a romântica que acreditava que algum dia, um lindo e amoroso rapaz viria me salvar de todos os dramas que o meu pobre coração havia sofrido (blábláblá)...Não me lembrava que ALGUÉM já havia feito isso por mim!!! Mas haviam outras razões que pesava muito a minha decisão de 'ficar' com algum menino...Uma delas foi o número considerável de meninas conhecidas, amigas e não amigas, da qual eu puder ver se tornar 'mamães' antes do tempo e abandonadas pelos ditos 'papais'. Eu era uma candidata a 'suicida'...Ter um filho arruinaria meus planos...huahauahua!!! Hoje eu consigo rir disso!

   Estávamos só, minha mãe e eu...Meu irmão preferira arrumar um trabalho na outra cidade onde morávamos e ficar por lá, meu pai ainda estava no Nordeste sem enviar qualquer notícia...Ficávamos sabendo de uma coisa ou outra por meio de familiares, e as coisas com ele não estavam nada bem. Continuava bebendo muito e causando agora muita dor aos seus pais (meus avós).
   Minhas crises de revolta aumentava minha desobediência e as brigas com minha mãe eram constantes...
   Passado algum tempo meu irmão voltou a morar conosco e meu avô materno com quem morávamos veio a falecer não muito depois. 
    Agora meu pai estava nos pedindo para voltar...Tivemos dificuldades em aceitar, mas ele sem vacilar veio do Nordeste e ficou no velho barraco de madeira onde morávamos, sozinho ia se afundando em bebida embora ainda conseguisse trabalho para sustentar o vicio, quase morreu.
   Aceitamos ele de volta depois de muita conversa e juras falsas de que largaria o vicio e iria se tratar, do contrário o mandaríamos embora...E nada veio a se cumprir como já esperado.

   Hoje, sou completamente e infinitamente grata a Deus por não ter nos permitido abandonar o meu pai mesmo diante de tudo o que passamos, pois antes do fôlego de vida lhe ser tirado pudemos viver alguns momentos de retratação, amor, e a Salvação lhe alcançou após ele se render ao AMOR de DEUS que lhe foi oferecido. (Aleluia...Que lindas lembranças que ficaram).

   Mas enquanto os dias de trevas se mantinham em evidência, meus problemas familiares se intensificaram de uma forma quase insustentável...Brigas e mais brigas e mais brigas...Palavras duras de repúdio, de ódio, de lembranças do passado que trazia consigo inúmeras feridas...Eu não suportava mais...QUERIA MORRER!

Continuo no próximo post.
No amor, 
Amanda Reis.

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