Estando eu aqui a ouvir o lindo CD do pastor Fernandinho - SOU FELIZ - (muito recomendo) bateu aquela nostalgia, canções de hinários e harpa cristã...Tão antigos...Algumas dessas canções tem rompido séculos. Glórias a Deus pela vida de irmãos como o Fernandinho que tem buscado trazer de volta a essência do verdadeiro Evangelho que tantos morreram para defender e pregar.
Mas particularmente, ouvindo essas canções que me fazem voltar a um 'não tão longo passado', mas que possui uma linda bagagem de momentos ao lado do meu Senhor, senti o desejo de retomar o registro do meu testemunho, orando e desejosa em Deus que de algum modo ele possa edificar a vida de vocês.
No post "Frutos da Depressão" eu iniciei a descrição de momentos muito dolorosos que enfrentei ainda na minha adolescência, deixarei ao fim deste post o link para todos os posts relacionados...
Naqueles dias meu pai havia retornado do Nordeste e a família voltava a ficar completa. Mas isso estava longe de ser um motivo de harmonia e alegria, o vício do álcool que escravizava meu pai não permitia isso, e eu uma adolescente cristã, afastada dos caminhos do Senhor, com inúmeros conflitos internos, traumas emocionais e personalidade forte me afundava cada dia mais na depressão.
Me lembro de um final de ano que eu, minha mãe decidimos viajar para a cidade onde morávamos e tínhamos muitos amigos e alguns parentes. Nossa esperança era fugir por aqueles dias da presença do meu pai que sempre marcava nossas viradas de ano com muito constrangimento e tristeza por estar sempre alcoolizado. Infelizmente aquele ano não foi diferente...Ele apareceu na casa de nossos amigos nos procurando totalmente alcoolizado até nos encontrar e nos fez voltar para passarmos a Virada de Ano em nossa casa no interior de São Paulo onde moro até hoje.
Passamos a "Virada" dentro do ônibus, porém, meu irmão conseguiu ficar na outra cidade, vindo com meu pai somente eu e minha mãe. A grande dor daquela noite além da frustração de estarmos longe de nossos amigos, passando a virada de ano dentro de um ônibus e chegarmos em casa e não haver nada para comemorar, foi a discussão gerada naquela madrugada no 1ºdia do ano.
Eu não aguentava mais as provocações e atitudes do meu pai...Brigamos feio...E depois de muitas palavras inflamadas meu pai me repudiou como filha...Amaldiçoou o dia em que eu me tornei parte da família...Ali se tornou o auge da depressão. Se eu não era bem vinda na família, então que morresse de uma vez...
Amados, eu preciso deixar claro, tudo o que ouvia do meu pai enquanto alcoolizado me valia de muita dor pois eu o amava demais... Quando sóbrio, ele era meu amigo, passávamos horas conversando, eu realmente AMO meu pai com muita admiração e sinto falta dele, só tendo por consolo que Ele está com JESUS na Glória por Tê-LO aceito em arrependimento como Salvador antes de morrer.
Enfim, a dor naqueles dias era intensa por inúmeras razões difíceis de esboçar aqui com detalhes, mas a minha base familiar desestruturada era o que mais me levava a decair. Você talvez possa dizer: Mas Amanda, por que você ligava para o que ele dizia estando bêbado?
Querido! Uma criança ou adolescente encontra muita dificuldade de separar o 'ideal' da 'realidade', e meu pai sóbrio era o que eu idealizava, mas o alcoolismo era a minha realidade. Por sofrer de baixa auto-estima acreditava em ocasiões que eu era a razão do problema, em outras que ele não nos amava e que só tinha coragem de mostrar isso quando bebia.
Passaram-se então quase 3 anos após a mudança de cidade, a saída da igreja, o retorno do meu pai e eu em crises existenciais cada vez piores. Isso tudo sem minha família perceber.
Acreditavam que minhas crises de choro eram frescuras, meu desanimo para as coisas era preguiça, que meus ataques agressivos era apenas rebeldia...Mas na verdade era um pedido de socorro e eu nem mesmo sabia o que estava me acontecendo...Só queria morrer!
Me escondia embaixo de cobertores e com travesseiro ou o próprio cobertor tentava me 'auto asfixiar', planejava tomar remédios ou venenos letais, mas em casa nunca foi de costume possuir essas coisas e para mim tinha que ser algo realmente letal para não ter que lidar com o constrangimento de um suicídio fracassado.
Planejava me jogar na frente de algum carro, ou caminhão...Mas poxa vida! E se novamente eu sobrevivesse como no primeiro atropelamento da infância! Ou poderia ficar paraplégica, o que seria muito pior! Meus dias giravam em torno dos meus desejos suicidas.
Um dia, bastante desolada, eu de madrugada sentada no chão do banheiro chorava intensamente, mordendo o punho para não acordar ninguém e desejando a morte como alguém que se afoga deseja viver.
Dizia para Deus me matar ou me permitir fazê-lo de forma eficaz...Tudo era muito confuso, eu acreditava que Deus me odiava para permitir tudo o que vivia, sentia, sofria. Não me importava em ir para o inferno, para mim já o estava vivendo. Não me recordo se ainda nessa mesma ocasião, mas me deitei e chorando muito virada para a parede pensava:
Deus! Você que é o Todo Poderoso, cheio de majestade e rodeado de anjos...Por acaso se importa?
Por que Você me criou? Pra quê? Me mata de uma vez! Eu não presto nem para te servir!
Você não sabe o que é estar Sozinho! Você não sente esse vazio! E gritei dentro da minha alma: VOCÊ SABE O QUE É ESTAR SOZINHO? E me silenciei...
Alguns segundos OUVI pelo que me recordo, pela primeira vez a Sua Voz...Falava em minha alma de forma tão audível e intensa que era impossível ponderar que fosse a minha própria imaginação.
Ele disse: Eu sei o que é ESTAR Sozinho! Eu deixei a minha Glória, me fiz Homem, curei, alimentei e ensinei apenas o AMOR; mas fui traído, as pessoas que curei me entregaram para morte escolhendo a liberdade de um assassino, fui negado por meu amigo íntimo e abandonado por todos; e no momento em que eu morria MEU PAI virou as costas para mim por causa da sujeira de pecados que carregava...EU SEI O QUE ESTAR SOZINHO! Mas você Amanda não está sozinha! EU ESTOU COM VOCÊ!
Eu tinha 16 anos...Conhecia a "história" de JESUS, mas não tinha uma real noção de como Ele havia se sentido quando decidiu morrer por mim. Embora tudo fosse um projeto de Salvação para a humanidade, houve os meios pelos quais o projeto veio a se realizar e tudo o que Ele sofreu era necessário para que Ele pudesse entender a mim e a você nos momentos de aflição.
Mas eu não tinha até aquele dia essa revelação.
Eu adormeci comovida e sentindo uma paz que a tempos não sentia naqueles dias, porém, os dias continuaram a passar, assim como as dificuldades, brigas, desilusões e tristezas permaneciam e meu desejo pela morte se mantinha.
Agora já não acreditava que Deus me odiava, mas eu ainda me enxergava como vítima das circunstâncias, queria que Deus me permitisse morrer, tirasse meu fôlego de vida, nada tinha mais sentido para mim, era tão jovem mas tão sem esperança. E algo pior...comecei a acreditar que se me matasse Deus não seria tão ruim de me deixar ir para o inferno.
Mas uma noite eu sonhei...Mas conto no próximo post!
No amor,
Amanda Reis.
http://amandareisdespertar.blogspot.com/2011/06/um-pouco-de-mim-testemunho.html
http://amandareisdespertar.blogspot.com/2011/06/parte-de-mim-testemunho-ii.htmlhttp://amandareisdespertar.blogspot.com/2011/06/frutos-da-depressao-testemunho.html
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